A ansiedade é um dos distúrbios mais prevalentes no mundo moderno, especialmente após a pandemia de COVID-19, afetando milhões de pessoas em todo o mundo.
Segundo o Relatório Mundial de Saúde Mental de 2022, houve um aumento de 28% dos casos de depressão e 26% da ansiedade, ou seja 129 milhões de pessoas no mundo desenvolveram essas doenças em um ano.
Além disso, o mesmo relatório da OMS apontou o Brasil como o país mais ansioso do mundo.
Neste artigo, exploraremos as diferentes facetas da ansiedade e como a neurologia desempenha um papel fundamental em seu diagnóstico e tratamento.
É importante compreender que a ansiedade é uma reação que faz parte do ser humano desde os tempos pré-históricos e desempenha um papel fundamental em sua sobrevivência.
Tendo sua origem a partir do medo, a ansiedade é uma resposta normal a ameaças ou estresses psicológicos.
Quando nossos ancestrais se deparavam com situações perigosas, essa reação de ansiedade desencadeava a preparação para a luta ou fuga, permitindo-lhes enfrentar os desafios da vida selvagem.
Hoje, embora as ameaças tenham evoluído, nossa resposta de ansiedade permanece enraizada em nosso instinto primordial de autopreservação.
Contudo, no mundo moderno repleto de estímulos e pressões constantes, a ansiedade pode se manifestar maneira excessiva e prejudicial.
Compreender essa resposta natural e como gerenciá-la é essencial para a promoção de nossa saúde mental.
São vários os sintomas da ansiedade e é uma condição que pode se manifestar de diversas maneiras, afetando não apenas a mente, mas também o corpo.
Alguns dos sintomas mais comuns incluem:
ataques de pânico, com sensação de medo e desespero;
palpitações e dores no peito;
pensamentos intrusivos e recorrentes;
tensão muscular crônica;
dores de cabeça;
desconforto gastrointestinal;
dificuldade respiratória;
sudorese e tremores.
Em situações extremas, a ansiedade pode até desencadear sintomas como formigamento nas mãos e pés, vertigem e sensação de despersonalização.
Outro sintoma extremamente comum e que afeta consideravelmente a população ansiosa são os distúrbios do sono, que não só prejudicam a qualidade de vida, como resultam em fadiga constante.
A ansiedade e a insônia têm uma relação que muitas vezes se entrelaça como num círculo vicioso.
Quando a ansiedade se manifesta, as preocupações persistentes e a agitação mental podem tornar extremamente difícil relaxar e adormecer.
Esses pensamentos incessantes frequentemente acompanham as pessoas até a hora de ir dormir, criando uma barreira para a conciliação do sono.
Além disso, a ansiedade pode desencadear pesadelos vívidos e perturbadores, que interrompem o ciclo do sono REM, resultando em sono interrompido e de qualidade inferior.
Como consequência desse ciclo vicioso, a insônia pode levar à fadiga constante, aumentando ainda mais os níveis de ansiedade. É uma espiral preocupante que exige intervenção médica adequada.
O controle e tratamento da ansiedade eficaz da ansiedade exigem uma abordagem integral, reconhecendo que somos seres complexos, interligados por diversos aspectos da nossa vida.
Essa jornada rumo ao bem-estar abraça 3 pilares fundamentais que eu esquematizei e utilizo no tratamento de meus pacientes há mais de uma década.
Pilar 1: Equilíbrio neuroquímico - primeiramente, é crucial regular e restabelecer o equilíbrio das substâncias químicas do cérebro e do organismo da pessoa ansiosa.
Isso pode incluir a necessidade de medicamentos e/ou suplementação específica.
Essas intervenções podem desempenhar um papel vital no alívio dos sintomas agudos de ansiedade, permitindo que o paciente alcance uma base sólida para seu processo de recuperação.
Pilar 2: Práticas de Bem-estar Integral: aqui, concentramo-nos em ajustar a maneira como a pessoa com ansiedade pensa, interage com os outros e processa suas emoções.
Pode ocorrer o encaminhamento para terapias como a cognitivo-comportamental, as quais desempenham um papel essencial, auxiliando na identificação e na mudança de padrões de pensamento negativos.
Além disso, indica-se a prática de exercícios de presença e meditação para auxiliar o paciente a criar resiliência emocional, fortalecendo a capacidade de lidar com o estresse cotidiano.
Pilar 3: Transformação do Estilo de Vida: por último, mas não menos importante, o terceiro pilar concentra-se em mudanças de hábitos de vida.
Isso inclui a adoção de um estilo de vida saudável, com ênfase em exercícios físicos regulares, alimentação equilibrada, uma rotina de sono adequada e a prática de aprender a descansar.
Exercitar o corpo e fornecer os nutrientes necessários ajudam a regular os sistemas do corpo, enquanto uma rotina de sono saudável proporciona um descanso restaurador, crucial para a saúde mental.
Esses três pilares não operam de forma isolada, mas se entrelaçam para criar uma abordagem completa e eficaz no controle e tratamento da ansiedade.
Ao considerar o indivíduo como um todo e adotar medidas em todas essas áreas, podemos alcançar resultados duradouros e promover uma vida mais equilibrada e saudável.
Juntos, esses pilares oferecem um direcionamento para enfrentar a ansiedade e recuperar o controle sobre a sua vida.
Conclusão: Se você está lutando contra a ansiedade, não está sozinho. Como neurologista especializado em distúrbios neurológicos, estou aqui para ajudar.
Dê o primeiro passo em direção ao alívio da ansiedade.
Juntos, podemos enfrentar esse desafio e trabalhar para restaurar sua saúde mental.